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Número de pacientes que morreram de câncer cresce na pandemia após dois anos de queda em Marília

25/07/2022 - Dados são do Sistema Único de Saúde (SUS).


Número de pacientes que morreram de câncer cresce na pandemia após dois anos de queda em Marília

O número de pacientes internados que morreram em decorrência do câncer em Marília (SP) voltou a crescer durante a pandemia de Covid-19 após dois anos consecutivos de quedas. Os dados são do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em 2019, ou seja, antes dos primeiros casos de infecção pelo coronavírus no Brasil, a mortalidade de internados com tumores em instituições de saúde de Marília era de 8,48%. Em 2018, o índice foi de 8,78% e em 2017, 9,14%.

No primeiro ano da pandemia, esse índice subiu para 9,25%. Já em 2021, recuou para 8,59%, mas ainda se manteve acima do patamar pré-pandêmico. De janeiro a maio deste ano, período com os dados disponíveis, o número de mortes por câncer ficou em 10,83%.

Segundo o médico Sérgio Luís Afonso, coordenador do Departamento de Oncologia do Hospital Beneficente Unimar (HBU), o crescimento de mortes nas internações por câncer já era esperado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por associações de especialistas.

Isso porque, durante a pandemia, houve a redução no número de exames, seja pela necessidade de direcionar esforços e recursos para o combate da Covid-19, ou pelo medo por parte da população de frequentar ambientes altamente expostos à contaminação, como instituições de saúde.

"O que temos notado nesses anos de pandemia já havia sido alertado pela Sociedade Brasileira de Oncologia. O que mais favorece a cura do câncer é o diagnóstico precoce e o que mais dificulta o tratamento é o diagnóstico tardio", observa.

Número de mortes de pacientes internados por câncer atinge 10,83% de janeiro a maio de 2022 em Marília — Foto: Hospital Beneficente Unimar/Divulgação

 

De acordo com ele, nesse período, alguns hospitais assistiram a exames preventivos registrarem queda de 90% no momento mais crítico da pandemia. Por conta disso, atualmente no dia-a-dia em sua profissão, o especialista tem se deparado com mais casos graves.

"A consequência foi o crescimento no número de pacientes dando entrada com tumores em estado avançado ou até metástase. São casos em que não conseguimos mais tratar, não podemos nem mesmo submeter o paciente à quimioterapia", lamenta.

Sérgio explica que o crescimento das mortes por câncer em Marília é condizente com o movimento registrado em nível nacional, segundo estudos científicos recentes.

Doenças do sistema circulatório

Principal causa de morte natural no país ainda diz respeito às doenças do sistema circulatório — Foto: Qimono/Pixabay

 

Um problema parecido também tem sido observado em pacientes com doenças no sistema circulatório.

Em Marília, depois de três anos em queda, os números de mortes de pacientes internados com essas doenças passaram de 7,68%, em 2019, para 9,57%, em 2020, e 9,88%, em 2021.

A principal causa de morte natural no país ainda diz respeito às doenças do sistema circulatório. Em seguida, aparece o câncer.

Conforme o oncologista associou, o motivo do aumento da mortalidade por problemas no sistema circulatório também é a redução no número de exames e outras medidas preventivas.

Com o alívio da pandemia de Covid-19, agora, o médico acredita que a mortalidade comece a cair tanto nos casos de internação por câncer, quanto em pacientes com problemas do sistema circulatório, como cardiopatias, por exemplo.

"Para isso precisamos de uma campanha de conscientização, com engajamento da mídia, do poder público e privado. Em seguida, precisamos de ações concretas, como mutirões de exames", propõe Sérgio.

 

Fonte: G1



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