Fóssil encontrado em rodovia de Marília pode ser de Titanossauro
27/07/2021 - Processo de extração do fóssil foi finalizado na tarde desta segunda-feira (26).
O paleontólogo Willian Nava acredita que fóssil achado durante obras de duplicação da Rodovia Leonor Mendes de Barros (SP-333), entre Marília e Júlio Mesquita (SP), seja uma parte do fêmur de um Titanossauro. Fragmentos de um dinossauro dessa mesma espécie foram descobertos na mesma região entre os anos de 2009 e 2012.
A nova descoberta interrompeu parcialmente por dois meses as obras de duplicação da rodovia - a paralisação ocorreu apenas no local do achado. O processo de extração do fóssil do talude onde ele foi achado foi finalizado no fim da tarde desta segunda-feira (26).
De acordo com o paleontólogo, a descoberta reforça a ideia de que os dinossauros, especialmente do período Cretáceo, que foi o último da era desses animais gigantes, viveram na região centro-oeste paulista.
“Esse fóssil é mais um testemunho da existência dos dinossauros na nossa região. Nós tivemos aqui próximo um esqueleto quase parcial de um Titanossauro e essa descoberta desse osso isolado, embora seja isolado, é uma confirmação de que de fato esses animais viveram na nossa região há 70 milhões de anos”, explica.
Os titanossauros eram herbívoros, tinham o pescoço bastante alongado e eram quadrúpedes.
“Eles variavam de tamanho entre 9 e 10 metros até 20, 25 metros de comprimento e habitavam todo o hemisfério sul e particularmente na região de Marília e Presidente Prudente temos vários registros desse tipo de dinossauro, indicando que eles pastavam nessa região e viviam em manadas.”
O fóssil foi encontrado há cerca de dois meses a 20 metros da superfície e a poucos centímetros da lateral de um talude. A descoberta não foi divulgada antes para não atrair a presença de curiosos, que poderiam danificar o material.
Em um cuidadoso processo de escavação, que começou com talhadeira e martelo, os paleontólogos retiraram a formação rochosa no entorno do fragmento até que fosse possível usar uma ferramenta de perfuração de impacto mínimo, para evitar qualquer trinca que prejudicasse a peça.
“Para ele ter parado aqui é possível que as águas de um rio podem ter desmembrado esse esqueleto e esse pedaço foi fossilizado nesse talude. É um trabalho grande para retirar ele da rocha, porque ele está encravado no talude, então tivemos que desmontar bastante do talude para conseguir retirar”, afirma o geólogo Nilson Bernardi.
Envolvido em uma dura camada de arenito - rocha formada por areia aglutinada e cimento natural, densa como quartzo - o exemplar, ainda nessa forma bruta, deve chegar nesta terça-feira (27) para o Museu de Paleontologia, onde será limpo, em um processo que levará mais algum tempo.
Fonte: G1