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Médico de Assis é investigado após tomar doses da CoronaVac e Oxford em menos de uma semana

17/02/2021 - Em vídeo nas redes sociais, ele disse que decidiu ‘por conta própria’ tomar doses das vacinas.


Médico de Assis é investigado após tomar doses da CoronaVac e Oxford em menos de uma semana

A prefeitura de Assis (SP) está investigando um médico da cidade que foi às redes sociais para anunciar que tomou “por conta própria” duas doses de vacinas diferentes contra a Covid-19. O caso também é investigado pela cooperativa médica à qual ele pertence através de processos na Justiça.

No vídeo publicado no Youtube na segunda-feira (15), o médico Oliveiro Pereira da Silva Alexandre, que se apresenta como “Dr. Oliveira”, admitiu que tomou primeiramente uma dose da CoronaVac e, segundo ele, menos de uma semana, outra dose da vacina de Oxford/AstraZeneca. O vídeo foi apagado nesta terça-feira (16).

O procedimento é contrário aos protocolos de vacinação estabelecidos pelo Ministério da Saúde, fato que o próprio médico admite em sua fala no vídeo.

"Veja bem, lembra que eu falei para vocês que eu tomei a CoronaVac e, por minha conta, eu tomei a da AstraZeneca. Isso não pode, tá bom? Isso não pode", disse o Dr. Oliveira no vídeo.

Segundo a prefeitura de Assis, foi constatado de que o médico tomou as doses de laboratórios distintos num intervalo de quatro dias. A primeira, no dia 29 de janeiro, no Hospital Regional e na condição de servidor público que trabalha na linha de frente de combate à pandemia.

Já a segunda dose, da AstraZeneca, o médico conseguiu receber no dia 2 de fevereiro, como beneficiário de um convênio da cooperativa médica da qual ele é integrante e que montou um posto de vacinação para profissionais da saúde que atendem casos suspeitos na rede particular.

Na justificativa que apresentou aos internautas, o médico afirmou que adotou o procedimento irregular para avaliar informações da imprensa internacional de que a combinação de vacinas de laboratório diferentes poderia ser mais eficiente como prevenção às novas variantes do vírus.

Em visita ao centro-oeste paulista, o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchtey, afirmou que o governo “não compactua com este tipo de atitude”, que contraria os protocolos de que quem toma uma determinada vacina deverá tomar a segunda dose da mesma vacina. Ele afirmou que o Ministério Público pode investigar o caso.

“Todas as irregularidades estão sendo acompanhadas de perto pelo MP para avaliar as condutas de quem deu a dose, quem recebeu, e por que isso aconteceu fora do que é preconizado pelo PNI [Plano Nacional de Imunização]. Cada dose de vacina é patrimônio público e o seu uso incorreto deve ser apurado”, disse Gorinchtey.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado informou que os municípios foram orientados quanto à correta aplicação das vacinas contra Covid-19 disponíveis até o momento, e há também orientações nas bulas.

O Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) de Assis foi informado pelo município, que é responsável por monitorar o caso.

'Indignação'

De acordo com a secretária municipal da Saúde de Assis, Cristiani Silvério, o caso já foi notificado para o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) do estado e ao Departamento Jurídico da prefeitura para que todos os procedimentos legais sejam tomados.

A secretária acredita que o sistema Vacivida, que faz o controle da vacinação no estado, pode ter sofrido alguma instabilidade pelo grande fluxo de informações e, por isso, não conseguiu evitar a duplicidade na vacinação.

Cristiani Silvério lembra ainda que, até esta segunda-feira (15), 82% dos profissionais de saúde da cidade foram vacinados, o que significa que algum dos que ainda faltam ser vacinados pode ficar sem a dose tomada irregularmente.

“A atitude do médico nos causa indignação, pois ele usou de uma falha no sistema para receber a primeira dose de duas vacinas diferentes, o que não é recomendado nem pela Organização Mundial de Saúde e nem pelo Plano Nacional de Imunização. Um médico que recebe duas doses representa uma dose a menos para um cidadão. O Estado e a Prefeitura devem acioná-lo pelo que fez”, diz a secretária.

Em nota, a Unimed Assis informou que a cooperativa foi apenas um ponto de vacinação, por meio de uma parceria com a Secretaria de Saúde do município.

No texto, a cooperativa reforça que não comercializa doses da vacina, tendo apenas disponibilizado algumas unidades para profissionais de saúde, conforme critérios estabelecidos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.

A nota diz ainda que “o setor jurídico da cooperativa foi acionado e as medidas cabíveis estão sendo estudadas internamente”.

 

Fonte: G1/Com informações de Gabriela Prado/TV TEM



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