Polícia identifica autor de ofensas racistas à prefeita eleita em Bauru
04/12/2020 - Segundo o delegado, suspeito de 37 anos é negro e queria 'despertar uma discussão'. Ele foi liberado
A Polícia Civil identificou o autor das ofensas racistas postadas nas redes sociais contra a prefeita eleita de Bauru (SP), Suéllen Rosim (Patriota). Segundo o delegado Eduardo Herrera dos Santos, o suspeito é um homem negro de 37 anos que queria "despertar uma discussão".
A identificação do autor foi anunciada durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (3). O homem, que é investigado pelo crime de injúria, prestou depoimento e foi liberado.
"Neste momento as investigações prosseguem e a tipificação penal, como inicialmente foi feita como injúria racial, ela permanece. Neste momento não temos mudança quanto à tipificação. Pelo contrário, existe a possibilidade sim de que seja acrescentada a tipificação também de uma eventual falsidade pelo perfil falso que foi criado", diz Herrera.
"Não há impedimento quanto a conduta pelo fato de ele ser negro e ter praticado uma conduta de ofensa racial contra outro negro", completa o delegado.
O delegado disse que o suspeito, morador de Bauru, criou dois perfis, um no WhatsApp e outro em rede social.
"Foi um trabalho intenso de investigação. Foram utilizadas várias técnicas investigativas, como quebra de dados e principalmente as técnicas tradicionais que possibilitou que chegássemos até ele, e depois de entrevistá-lo, apesar de inicialmente a negativa, confessou detalhadamente como praticou o fato”.
As mensagens postadas na internet chegaram ao conhecimento da prefeita eleita, que registrou um boletim de ocorrência durante o segundo turno.
Em um dos trechos da mensagem postada no grupo, o agressor diz “não podemos eleger aquela mulher com cara de favelada para ser nossa prefeita. Essa gentinha irá afundar Bauru”.
Em outra mensagem, o agressor diz: “não tenho nada contra, mas essa gente de pele escura, com cara de marginal administrado essa cidade, será o fim".
Ameaça de morte
Na terça-feira (1º), Suéllen voltou à delegacia para prestar depoimento sobre as ofensas racistas e também denunciou uma ameaça de morte recebida por e-mail.
Na mensagem, o homem se identifica, a ofende de 'macaca' e alega que vai comprar uma pistola no Rio de Janeiro para matá-la na casa.
De acordo com o delegado, a mensagem foi anexada ao primeiro boletim de ocorrência e será investigada pela Polícia Civil como injúria racial, a princípio. Neste ataque com ameaça de morte, nenhum suspeito foi identificado.
Suéllen disse que espera que os envolvidos sejam identificados e punidos pela lei.
"Práticas de injúria racial devem ser combatidas independentemente de quem veio e da motivação. Não se levanta uma bandeira disseminando ódio. As autoridades continuaram tomando as providências necessárias para o caso. Assim como nos outros comentários e a ameaça que recebi", diz Suéllen.
"É um absurdo a gente ainda ter que ouvir esse tipo de palavra, dessas questões raciais. É inadmissível. Lamento muito. A gente tem tanta coisa pra discutir da cidade, tantos problemas no município e a gente ter que discutir um assunto tão pesado", afirma.
G1