Porque as usinas não fecham na quarentena?
26/06/2020 - Integrantes do setor de agronegócio, as usinas são consideradas serviços essenciais
Desde que teve início a quarentena no estado de São Paulo, com paralisação das atividades comerciais, em Paraguaçu Paulista um dos principais questionamentos da população tem sido o funcionamento das usinas de cana-de-açúcar. Isso porque esse setor continuou em pleno funcionamento, apesar da paralisação temporária do comércio.
Ocorre que, segundo informações obtidas no Canal Rural, as usinas integram o setor do agronegócio e, por isso, se encaixam no quesito de serviços essenciais e que não podem parar suas atividades.
Embora, por uma questão política, apenas uma usina pertencente a família da prefeita de Paraguaçu Paulista seja alvo de incomodo pela população, a cidade é cercada por várias usinas, responsáveis pelo emprego de grande parte da população. Duas delas estão no próprio município. Já outras usinas, localizadas em municípios vizinhos, como Borá, Quatá e Maracaí, também empregam paraguaçuenses.
Portanto, por serem produtoras de matéria prima para açúcar e etanol, as usinas integram o grupo de serviços essenciais no estado.
CRISE
Segundo reportagem do programa “Nosso Campo”, o setor sucroenergético foi diretamente atingido pela pandemia do coronavírus. A demanda por etanol caiu pela metade, o que agravou a situação de quem já acumulava perdas de 40% no preço do biocombustível.
O diretor técnico da Única, Antônio de Pádua, avalia que o impacto foi maior para o etanol do que para o açúcar, que, segundo ele, continua nos mesmos níveis de venda do ano passado. Já o do etanol caiu entre 30% e 35%.
Grupos mais capitalizados têm fôlego para armazenar a produção de etanol e até mudar o "mix" da indústria. Uma estratégia é produzir mais açúcar até passar o momento mais agudo da crise.
O Brasil deve exportar de 28 a 30 milhões de toneladas de açúcar nesta safra, o equivalente a 50% da demanda global da commodity. Isso ocorre não só por causa do aumento da produção e da exportação. Outro motivo é que a safra da Tailândia, o segundo maior produtor mundial, sofre com uma seca que castiga o país.
As usinas da região sudeste do Brasil mudaram o "mix" de produção, mas ainda encontram limitação para atender à demanda. Sandro Henrique Cabrera, diretor administrativo de usina, conta que a pandemia coincidiu com o início da safra e não deu tempo para muitas indústrias se adaptarem.
Imagem Ilustrativa