Quatá celebra 99 anos de história
16/01/2025 - Município vizinho de Paraguaçu celebra seu aniversário nesta quinta-feira, dia 16.
A cidade de Quatá está em festa nesta quinta-feira, dia 16 de janeiro. O município comemora seus 99 anos de emancipação político-administrativa.
Localizada há 23 km de Paraguaçu Paulista e 489 km de São Paulo/SP, Quatá conta com aproximadamente 12.500 habitantes.
O prefeito Márcio Bidóia e o vice-prefeito Elton Masi divulgaram um vídeo no portal de entrada, parabenizando a cidade pelo aniversário.
História
A pré-história de Quatá como a de toda a região Oeste do Estado de São Paulo abrangida pelos rios Aguapeí, do Peixe e Paranapanema, penetrando ao Sul no rumo de Campos Novos, hoje Estado do Paraná, pertence ao império selvagem dos índios Caingangues ou Coroados, que aliás ligavam as suas aldeias no sentido Norte-Sul, pôr uma trilha aberta na selva e conhecida pelo nome de "Caminho dos Macaúbas". Até o princípio do século XX, os mapas de São Paulo assinalavam essa imensa região com uma expressão genérica e imprecisa: "terras desconhecidas e habitadas pôr índios".
A penetração dessas áreas pôr colonizadores brancos, impulsionados pelo espírito de aventura e pela ambição do "grilo"da terra de ninguém, a partir dos últimos decênios do século XIX iria assinalar um longo período de conflitos com os índios. Dizem alguns testemunhos mais antigos, como registra Francisco de Barros Júnior, na sua série de reportagens intitulada " Caçando e Pescando Pôr Todo o Brasil", editada pelas Edições Melhoramentos, que: "a princípio os índios eram mais tratáveis porém, os desbravadores desse sertão os aprisionavam para escravos, tomando-lhes as mulheres e as filhas e destruindo-os a ferro e a fogo. Os atrevidos aventureiros iam pôr conta própria ou pôr conta de potentados paulistas tomar posses, criar usucapião, levantando ranchos nas cabeceiras de ribeirões, seguindo-lhes o curso até sua confluência com torrentes maiores abrindo precárias fazendas de café, levantando habitações frágeis de pau-a-pique e plantando pimenteiras, bananeiras, mandiocas, fazendo poços e cacimbas para documentação de futuros "grilos", "grilos" gigantescos, cujas divisas eram de um lado o rio do Peixe e, de outro, o Feio (Aguapeí), ou este o Tietê. Muitas dessas posses fizeram parte do registro centenário das " Cartas de Sesmarias".
As lutas desses pioneiros da conquista do Sudoeste Paulista que tanto se assemelharam às dos bandeirantes de dois séculos antes, foram trabalhosas e, não raro, se acercaram dos limites do heroísmo. O acampamento, derrubada e mata para a delimitação da clareira, vivia no sobressalto das noites sem lua, em que os caigangues piando como macuco para despistar o branco, cercavam em silêncio as palhoças do branco, e as reduziam a cinzas, no ataque brusco e indefensável que desencadeavam em meio a infernal gritaria coletiva. No dia seguinte o quadro era terrível: habitações incendiadas, queimadas as plantações, cadáveres horrivelmente mutilados espalhados pelo terreiro.
Foi exatamente o que aconteceu com Manoel Pereira Alvim o primeiro ocupante das terras quataenses nos idos de 1.887, que se fixou com seus dois filhos e o genro ao longo do Ribeirão Bugio afluente do Rio São Matheus. Atraído pelas notícias da existência de boas terras ocupáveis nessa região de campos cortados pôr águas fáceis que já haviam sido demarcadas em 1.882 pôr uma comissão encarregada de traçar a linha divisória do grande imóvel Monte Alvão, ponto de partida da história de Quatá. Manoel Pereira Alvim plantou na área em que abriu fazenda 2.000 pés de café, os primeiros que os anais registram nessas alturas da zona sorocabana além de Botucatu e Santa Cruz do Rio Pardo.
Os caingangues não perdoaram o invasor e desfecharam ataque vandálico contra a recém aberta fazenda de café, Manoel Pereira Alvim e seus companheiros foram trucidados, a sede da fazenda e sua lavoura cafeeira queimadas. Ainda hoje, quem passar pelos campos de curso inferior do Córrego Bugio, encontrará quatro cruzes toscas de aroeira, que demarcam o local do sacrifício desses pioneiros da ocupação branca das antigas "terras desconhecidas". Assim como a selvageria caigangue marca a pré-história de Quatá, pode-se dizer que o episódio de Manoel Pereira Alvim corresponde a sua proto-história. Entre essas fases, colocam-se os esforços para a demarcação desse pólo de formação de Quatá, que foi o imóvel Monte Alvão. Já em 1721, quando o ouro de Cuiabá incendiava a imaginação dos paulistas, um famoso bandeirante, Bartholomeu P. de Abreu, pai do linhagista Pedro Taques, requereu ao governo da Capitânia, autorização para abrir uma estrada que ligasse a Vila de São Paulo à longínqua região Cuiabana, como alternativa para a sofrida viagem fluvial das missões via Rio Tietê. A picada aberta pelo bandeirante alcançou oitenta léguas adiante de Sorocaba. A obra foi retomada pôr Luiz Pedroso de Barros, primo irmão da mulher de Bartholomeu Pais de Barros, e seguiu além de Botucatu pelos campos de Avaré, Lençóis e do rio São Mateus, onde cortou os afluentes deste Ribeirão do Bugio e de Santo Inácio até atingir a faixa paralela do Rio Santo Anastácio e atingir os páramos distantes do Rio Pardo, na margem direita do Rio Paraná.
A partir de então, a terra dos coroados ficou riscada pelos dois caminhos em cruz: A trilha caingangues dos Macaubas no sentido transversal aos rios Aguapeí, Peixe e Paranapanema e a trilha civilizada dos bandeirantes, pôr sobre o espigão entre o Peixe e o Paranapanema. Esta vereda seria retomada e, 1.892 pela comissão governamental chefiada pelo Engenheiro Olavo Humel, incumbida de abrir estrada carroçavel até as barrancas do Rio Paraná, obra que acabou sendo executada em 1.904 (ano em que mais ao norte, no espigão entre o Aguapeí e o Tietê, tinha início a partir de Bauru a construção da estrada de ferro Noroeste) pela Companhia de Aviação São Paulo/Mato Grosso, de propriedade dos sócios Tibiriça-Diederich-Sen. O trecho de estrada a cargo dessa firma tinha seu início no Ribeirão São Matheus, em terras do atual município de Quatá que então estavam incorporados ao velho e lendário município de Conceição de Monte Alegre. Essas estradas e a demarcação do imóvel Monte Alvão deram início ao desbravamento e à ocupação de Quatá.
Em 10 de outubro de 1.916 foi aceito e aprovado o plano de partilha de glebas de que participaram Paulo Barreto, Luiz Pereira Barreto, Luiz Pereira Filho, Aquino de Castro e Luiz de Vasconcelos. O primeiro ocupou sua propriedade, estimulou a cafeicultura com o plantio de 10.000 pés de rubiácea. Os demais picaram seus lotes e os venderam a fazendeiros cujos descendentes até hoje residem no Município de Quatá.
A região começou a ser procurada pôr correntes migratórias vindas de outras cidades da chamada Boca do Sertão (Santa Cruz do Rio Pardo, Assis, Campos Novos Paulista, Avaré) bem como pôr trabalhadores portugueses e italianos que tiveram imensa influência na consolidação econômica de Quatá. Ao mesmo tempo ao lado direito do Rio do Peixe, fronteando as terras Quataenses foram se estabelecendo os letões refugiados da revolução russa, que formaram as colônias agrícolas/protestantes da Varpa e da Palma do hoje Município de Tupã. A história administrativa do município pode ser assim resumida:
A criação do Distrito de Paz deu-se em 18 de dezembro de 1.924 pela Lei n.º 1.998.
A elevação a Município ocorreu em 04 de novembro de 1.925 pela Lei n.º 2.073 que dividiu o antigo e extenso Município de Conceição de Monte Alegre ao meio. A instalação do Município fez-se em meio a solenidades no dia 16 de Janeiro de 1.926.
As divisões territoriais de 31 de dezembro de 1.936, de 31 de março de 1938 e de 31 de dezembro de 1.939 definiram o Município atribuindo-lhe dois distritos, o de João Ramalho e o de Quatá que ficou sendo a sede.
A instalação da comarca ocorreu no dia 13 de junho de 1.945.
A ORIGEM DO NOME:
O nome de Quatá é originário de uma espécie de macaco (bugio) que habitava as matas da região e emitia um som característico: "Qua...tá" "Qua...tá"
Fonte: Prefeitura de Quatá