Paraguaçuense Daniel Nascimento testa positivo para doping e está fora das Olímpiadas de Paris 2024
16/07/2024 - Atleta teve três substâncias detectadas em teste surpresa no dia 4 de julho.
O Brasil teve seu primeiro caso de doping comprovado antes das Olimpíadas de Paris. O maratonista paraguaçuense Daniel Nascimento testou positivo para três substâncias proibidas, de acordo com a lista de atletas suspensos pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), atualizada nesta segunda-feira (15): drostanolona, metenolona e nandrolona, três hormônios anabolizantes. Graziele Zarri, namorada de Daniel, também aparece na listagem.
Primeiro brasileiro a conquistar a classificação para Paris na maratona masculina ao atingir o índice olímpico em abril de 2023, em Hamburgo, Daniel foi submetido a um teste surpresa no dia 4 de julho. Segundo o documento emitido pela ABCD, o material biológico continha as seguintes substâncias: Drostanolona, Metenolona, Nandrolona, todas da classe de esteroides anabolizante S1, precursores da testosterona, que podem resultar em até quatro anos de suspensão.
- Drostanolona, Metenolona, Nandrolona são três hormônios anabolizantes, portanto são usados com o intuito de aumentar força, potência muscular, acelerar recuperação muscular do atleta. As outras substâncias são metabólitos desses hormônios - explica o médico especialista em medicina no esporte Francisco Tostes, atuante em endocrinologia.
Tostes se refere às substâncias 19-Norandrosterona, 19-Noretiocolanolona, 3alfa-Hidroxi-2alfa-metil-5alfa-androstan-17-ona e 3alfa-Hidroxi-1-metileno-5alfa-androstan-17-ona, metabólitos dos três hormônios.
- Uma vez que uma pessoa coloca os hormônios para dentro, injetando ou ingerindo, o fígado vai processar, vai metabolizar esses hormônios e eles vão se converter em outras substâncias, e essas são algumas delas. Os hormônios anabolizantes estão na lista da WADA, estão no código mundial de antidopagem na categoria S1, de substâncias que são proibidas todo o tempo, ou seja, dentro e fora de competição - esclarece.
A redação do Globo Esporte entrou em contato com a assessoria da ABCD, que comentou sobre os riscos sobre o uso das substâncias em questão, como aumento da pressão sanguínea, tumores no fígado e no pâncreas, alterações nos níveis de coagulação sanguínea e de colesterol, aumento da agressividade e, em situações mais graves, morte.
Quanto às punições cabíveis ao uso comprovado desse tipo de substância, a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem apenas pode se manifestar sobre casos concretos, até transitado em julgado. No entanto, de uma maneira geral, a prática é de 4 anos de suspensão, salvas as peculiaridades que devem ser avaliadas em julgamento.
Danielzinho deve responder ao processo suspenso, salvo se comprovar contaminação. A pena base parte de quatro anos de suspensão podendo ser reduzida para dois anos caso o atleta comprove ausência de intenção.
Em 2015, o lutador Anderson Silva foi pego no exame pelo uso de Drostanolona, além de androsterona, e recebeu um ano de suspensão como pena, depois de julgamento da Comissão Atlética de Nevada (NAC). No entanto, o nadador André Calvelo, que também teve o mesmo resultado na testagem, foi punido em quatro anos de afastamento.
Nos Jogos de Londres, a bielorrussa Nadzeya Ostapchuk, campeã olímpica do arremesso de peso, chegou a ser desclassificada e perdeu a medalha de ouro pelo uso de metenolona.
A namorada de Daniel, Grazieli Zarri também foi suspensa em 23 de janeiro, devido à presença de Testosterona, Androstanediol e Androstanedio em seu teste, realizado no Quênia.
Daniel Nascimento e Grazieli Zarry na coletiva da São Silvestre 2021 — Foto: Divulgação
Atraso no Pan de Santiago
Daniel havia passado por uma situação inusitada nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, competição em que foi considerado um dos favoritos ao ouro. O atleta se atrasou e não conseguiu chegar a tempo de se apresentar no Estádio Nacional de Santiago. Com isso, o maratonista não correu os 10.000m, a única prova em que estava inscrito.
"Soquinho" amigável em Kipchoge
Em Tóquio 2020, o brasileiro chegou a fazer um bom tempo de prova, até os 25km, quando passou mal. Daniel tentou continuar, mas não conseguiu e precisou abandonar a maratona. Antes disso, o atleta aproveitou a oportunidade para cumprimentar com um "soquinho" amigável o queniano Eliud Kipchoge, que acabou se tornando bicampeão olímpico ao fim da corrida.
Eliud Kipchoge corre ao lado do brasileiro Daniel Nascimento — Foto: Ramsey Cardy/Sportsfile
Fonte: Globo Esporte