Em tratamento contra câncer após morte do filho, mãe do 'Super Chico' faz última quimioterapia
08/11/2023 - A advogada, de 49 anos, perdeu o filho que tinha síndrome de Down e outras complicações de saúde.
Cinco meses após receber o diagnóstico do câncer de mama, a advogada Daniela Bombini, mãe do menino Francisco Bombini, que era conhecido nas redes sociais como “Super Chico”, fez sua última sessão de quimioterapia nesta terça-feira (7).
A advogada, de 49 anos, perdeu o filho que tinha síndrome de Down e complicações de saúde no dia 6 de fevereiro deste ano, após ele sofrer uma parada cardíaca enquanto dormia. Menos de seis meses depois, em junho, recebeu o diagnóstico de câncer de mama durante um exame de rotina.
Como parte do tratamento, Daniela teria que passar por seis sessões de quimioterapia, além da imunoterapia, e após os procedimentos deve passar pela cirurgia de retirada total (mastectomia) e reconstrução das mamas.
"Vamos em frente, terminei uma etapa agora. Quando iniciei o tratamento, médico disse que seriam seis sessões de quimioterapia, junto com a imunoterapia, que ainda vou fazer por um ano, mas estou muito feliz de ter terminado as sessões", afirma Daniela em entrevista.
Em postagem feita no perfil do filho no Instagram, que continua ativo como forma de incentivo a outras pessoas com deficiência e também para manter o legado de superação do pequeno "super herói", a advogada agradeceu o carinho de todos os milhões de seguidores do Chico, que também a apoiaram na luta contra o câncer.
"Obrigada a todos os seguidores queridos e sensíveis, que não soltaram minha mão e pude enfrentar esses dias não tão legais mais forte e confiante", diz na postagem.
Luta e luto
Com a descoberta do câncer, Daniela passou a dividir seu tempo entre o tratamento, a busca pela cura e o luto pelo filho.
"A saudade dói muito! Tem dias que são mais difíceis, que a estou mais sensível, então, rezo, converso com ele, com Deus, peço forças. Tem dias que me pego cantando as músicas que cantava pra ele, falo 'Bom dia, Chico' até hoje, todos os dias. O olhar e o sorriso dele compensava tudo", revela.
Após a descoberta do câncer ainda em sua fase inicial, Daniela deu início ao tratamento em um hospital particular de Bauru, no interior de SP, onde realizou sessões de quimioterapia. No entanto, a aceitação levou tempo e muitos questionamentos com a nova condição.
“Foi um baque tremendo para ser honesta. Passei pela negação, pela revolta, cheguei a questionar Deus. Me sentia um pouco injustiçada. Fiquei os cinco primeiros dias na cama, mas aos poucos fui encontrando forças. Não é fácil, mas são propósitos que nos são dados. Digo que ‘o duro é emendar o luto na luta”, comenta.
No entanto, é na própria vivência do filho que Daniela afirma encontrar inspiração para “viver um dia de cada vez” e vencer a doença.
Os sintomas da quimioterapia incomodam, mas não tiram a motivação de Daniela. “Estou com algumas feridas, muitas aftas na boca, mas não tive náusea ou enjoo”, relata.
Após realizar uma série de exames, incluindo tomografias e cintilografia óssea, as boas notícias deram esperança à advogada. Felizmente, o câncer de mama não é metastático e não deve se espalhar para outras partes do corpo.
"Não vou dizer que é insuportável, mas é chato. Seguir em frente e encarar o tratamento de cabeça erguida e com positividade estou vendo que faz toda a diferença", pontua.
‘O menino mais forte do mundo’
O garoto que nasceu com síndrome de Down e outras complicações de saúde acumulava milhares de seguidores nas redes sociais. Ele viralizou no ano passado e ficou conhecido no país todo ao superar a Covid-19 por duas vezes.
Na primeira delas, Chico chegou a ficar internado por 13 dias na UTI e, quando recebeu alta, foi tema de uma reportagem do Fantástico. Mas, essa não foi nem de longe a primeira vez que o menino, na época com 3 anos, enfrentava a rotina de internação hospitalar.
Super Chico precisou passar por uma cirurgia ainda durante a gestação, na barriga da mãe, e por outras seis depois que nasceu. Os procedimentos foram necessários devido a problemas renais, cardíacos e hipotireoidismo.
Logo após o parto prematuro, foram seis meses “morando” no hospital para realização desses procedimentos.
Foi quando Daniela decidiu compartilhar a rotina do ainda Francisco nas redes sociais. Para simbolizar a vitória dele sobre as complicações de saúde, ela vestia o pequeno com fantasia de super-heróis, em especial o superman.
Foi assim que surgiu o apelido “Super Chico”, como o garoto passou a ser conhecido nas redes sociais, nome inspirado nos heróis e em São Francisco de Assis.
Pequeno super-herói
Pelos seus perfis nas redes sociais, Daniela fazia postagens com fotos e vídeos de Chico e costumava “dar voz” ao filho, que apesar de ter 6 anos, tinha o metabolismo e o desenvolvimento de um bebê de 9, 10 meses, e por isso não falava.
Foi pelas redes sociais que a família compartilhou as duas vezes que o menino esteve internado por causa da Covid-19, e também comemorou quando ele completou 5 anos e pôde receber as doses da vacina.
Coincidentemente, ele recebeu a segunda dose e pôde completar o ciclo vacinal no dia 21 de março de 2021, quando é celebrado o Dia Internacional das Pessoas com Síndrome de Down.
Devotos de São Francisco de Assis
Chico fazia aniversário em 6 de outubro, dois dias depois do dia do santo que inspirou seu nome, São Francisco de Assis, a quem a família é devota.
Todos os anos nessa data, a família fazia um evento beneficente para arrecadar verba para entidades assistenciais da cidade. Mesmo durante a pandemia, o evento foi realizado no formato drive-thru.
No seu aniversário de 4 anos, em outubro de 2020, depois de superar a Covid-19 pela primeira vez, ele recebeu parabéns de vários famosos, inclusive do seu xará, o cantor Chico Buarque.
Fonte: G1