Professora difunde o conceito de aquilombamento em Paraguaçu e busca espaço para a população negra
31/10/2023 - Eliana Cruz trabalha com a educação antirracista e é criadora do grupo Baobá
Você já ouviu falar sobre o conceito de aquilombamento? É um termo que se refere à criação de espaços seguros e de acolhimento para pessoas pretas e grupos marginalizados, como escreve Abdias Nascimento em Padê de Exu Libertador (1981), “sabes que em cada coração de negro há um quilombo pulsando; em cada barraco onde Palmares crepita”. Se você pensou que o conceito está relacionado aos Quilombos, acertou, mas existem diferenças.
Os quilombos, historicamente, eram comunidades formadas por pessoas negras que fugiam da escravidão no Brasil colonial. Esses locais eram autônomos e representavam uma resistência ao sistema opressor vigente na época. Recentemente, o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou uma pesquisa feita em 2022, em que cerca de 1,3 milhão de brasileiros se identificam como quilombolas. Essa foi a primeira vez que o Censo incluiu esse grupo.
Precisamos olhar os quilombos no que são, não apenas no que foram, como afirma a arqueóloga Pernambucana Ana Dindara: “Os quilombos são construções que dão certo e garantem a existência e sobrevivência do povo preto”. A arqueóloga ressalta a importância do Censo para mostrar a imensidão dos territórios quilombolas e mostrar outra história sobre o Brasil.
Segundo o IBGE, existem 2.300 agrupamentos quilombolas no país, dos quais cerca de 400 têm suas terras demarcadas, de onde nascem as práticas de aquilombamento. O aquilombamento está em todo o processo de organização da população negra. Para Ana Dindara, aquilombar é mais que um ato, é uma ação de transformação de pertencimento da identidade preta. “É a possibilidade de nos unir e articular as nossas urgências enquanto uma população que também é pilar da história do Brasil.”
Em Paraguaçu Paulista, o termo e o conceito de aquilombamento está sendo difundido pela professora Eliana Cruz. Ela já trabalha há muitos anos com a educação antirracista e é criadora do grupo Baobá, que visa dar vez e voz para a população negra na cidade, buscando a elevação da autoestima e a ocupação de espaços, como mercado de trabalho, por exemplo.
Em novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, o grupo Baobá deverá promover um grande evento na cidade, com destaque para a arte, culinária e beleza afro. Haverá ainda um jantar temático, visando o aquilombamento da população negra e daqueles que comungam das lutas e dificuldades enfrentadas no dia a dia.
No último sábado, dia 28, uma parte do grupo se reuniu para definir alguns ajustes desses eventos que deverão movimentar a cidade e mostrar a cara do povo preto em Paraguaçu Paulista neste mês de novembro.
Redação TV Paraguaçu, com informações do Estadão