Viúva e acusado de envolvimento em emboscada contra fazendeiro irão a júri popular em Iepê
22/08/2023 - Com a publicação da decisão, será aberto prazo para recurso e data do julgamento deve ser marcada.
A Justiça decidiu que a viúva Elisângela Silva Paião e o funcionário público municipal Fabrício Severino Gomes Merilis, ambos de 47 anos, irão a julgamento em júri popular pela emboscada que vitimou o fazendeiro Airton Braz Paião, de 54 anos, no dia 21 de setembro de 2022, em Iepê (SP).
Em nota oficial, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) informou que ambos passaram por audiência de instrução na última sexta-feira (18), que resultou na sentença de pronúncia dos réus proferida pelo Fórum da Comarca de Iepê.
Com a publicação da decisão, será aberto prazo para recurso e, após o trânsito em julgado, será agendado o júri popular.
Os acusados seguem presos e irão responder por tentativa de homicídio qualificado.
Elisângela era casada com o fazendeiro Airton Braz Paião quando o crime foi cometido.
Defesa
Em nota ao g1, a defesa técnica de Fabrício Severino Gomes Merilis afirmou que acredita “piamente” na ideologia formada desde o início e disse ainda que “nada no processo demonstra a mínima participação dele na prática delituosa”.
“A defesa, perante o Conselho de Sentença, irá buscar provar a inocência do sr. Fabrício Severino Gomes Merillis e a imediata liberdade”, finalizou a defesa, formada pelos advogados Marcos Vinicius Alves da Silva e Laerte Henrique Vanzella Pereira.
E, até a última atualização desta reportagem, o g1 não conseguiu contato com o advogado responsável pela defesa de Elisângela Silva Paião.
Relembre o caso
No dia 21 de setembro de 2022, o fazendeiro Airton Braz Paião, de 54 anos, foi vítima de uma emboscada em um canavial, na cidade de Iepê, onde levou quatro tiros na cabeça e uma facada nas costas. Esse crime é a tentativa de homicídio qualificado pelo qual foram indiciados a então esposa dele, Elisângela Silva Paião, e o funcionário público municipal Fabrício Severino Gomes Merilis.
“A Polícia Civil concluiu que Elisângela é autora do crime de tentativa de homicídio qualificado pela torpeza porque ela tinha domínio sobre o fato”, explicou ao g1 o delegado Carlos Henrique Bernardes Gasques, responsável pelas investigações sobre o caso.
Três dias após a emboscada em Iepê, o fazendeiro foi assassinado a tiros por um policial militar dentro da Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente (SP), onde estava internado para tratamento de saúde. Após assassinar o fazendeiro, o soldado Marcos Francisco do Nascimento, de 30 anos, se matou em seguida, ainda dentro do hospital. Como o policial militar morreu, sua punibilidade ficou extinta.
Elisângela Silva Paião, de 47 anos, é acusada por tentativa de homicídio qualificado — Foto: Redes sociais
Gasques detalhou o que teria levado o fazendeiro a ir até o canavial onde ocorreu a tentativa de homicídio, em Iepê:
"Este produtor rural estava mantendo contato, pelo WhatsApp, com uma moça chamada 'Sara Maria', mas a polícia já concluiu que essa conta era inexistente, e que essa conta o levou até as proximidades desse canavial. E, lá de dentro, saíram dois indivíduos, encapuzados, desferindo tiros em direção à vítima e uma facada em suas costas. Foi possível concluir esse raciocínio porque a vítima, embora tenha sido alvejada, estava em condições de falar e conseguiu apontar que eram dois indivíduos encapuzados que estavam em um determinado veículo”.
“Nós conseguimos fazer essa identificação porque a vítima apontou o veículo supostamente envolvido, aí os investigadores da delegacia conseguiram fazer um trabalho de monitoramento de câmeras de toda a cidade, inclusive do canavial, e chegamos à conclusão que esse veículo era do policial militar”, explicou Gasques.
Elisângela não esteve presente no velório do marido e, segundo o delegado, o fato chamou a atenção dos policiais, levando-a também a ser investigada.
Airton Braz Paião foi morto a tiros na Santa Casa de Presidente Prudente (SP), em 24 de setembro de 2022 — Foto: Redes sociais
Ainda segundo o delegado, as investigações avançaram e indicaram que tinha mais uma pessoa dentro do veículo no dia do crime no canavial, ou seja, o funcionário público municipal Fabrício Merilis, que está preso desde o dia 26 de setembro.
“Circula na cidade a informação de que a esposa do produtor rural teria um romance com ele [policial militar Marcos Francisco do Nascimento], e ela confirmou para mim, informalmente, que tinha. Porém, o policial militar falou somente que era muito amigo dela e que sabia de coisas que incomodavam [o fazendeiro]. Ela falou também para mim que gostava muito desse policial e que pretendia se separar do seu marido, e aconteceu essa fatalidade”, pontuou o delegado Carlos Henrique Bernardes Gasques.
Fonte: G1