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Atleta vítima de racismo em jogo de vôlei desabafa sobre preconceito: 'Minha cor não é ofensa'

25/04/2023 - Caso foi registrado durante a 39ª edição Jogos da Juventude, na partida entre Paraguaçu e Assis.


Atleta vítima de racismo em jogo de vôlei desabafa sobre preconceito: 'Minha cor não é ofensa'

O jovem de 18 anos vítima de racismo por parte de um adversário durante a transmissão de uma partida de vôlei pelos Jogos da Juventude de SP, em Maracaí (SP), desabafou sobre o preconceito sofrido dentro da quadra. O evento esportivo reúne jovens entre 15 e 18 anos de municípios do estado de SP na disputa de várias modalidades esportivas.

O caso foi registrado no duelo entre os atletas das cidades de Paraguaçu Paulista (SP) e Assis (SP), disputado na sexta-feira (21). Segundo o boletim de ocorrência, as ofensas de cunho racista foram registradas na transmissão do jogo feita nas redes sociais pela Associação de Vôlei de Assis (AVA).

Em um determinado momento do vídeo, um membro da equipe inicia uma série de comentários ofensivos contra Jhonata Pontes, levantador do time de Paraguaçu Paulista, referindo-se à vítima no gênero feminino, em falas que também têm caráter homofóbico (assista abaixo).

"Feia horrorosa, o que aquela preta tá fazendo? Preta feia", disse o jogador em meio à transmissão no Instagram.

Na sequência, o membro da equipe de Assis continua com as ofensas contra o adversário, com comentários pejorativos sobre características fenotípicas da vítima: "Não gosto dela, deixa ela, se eu pegar o cabelo dela, eu arranco tudo, cabelo duro".

Jhonata revelou que ficou sabendo das ofensas assim que saiu da quadra. Segundo ele, as falas, além de gerarem indignação, também trouxeram tristeza pela hostilidade em meio a um ambiente que sempre foi acolhedor para ele.

"No vôlei, encontrei refúgio para fugir de todos os problemas. Dentro da quadra, encontrei uma família e amigos para superar meus problemas. Receber tais palavras da forma que foi me entristece porque chega a ser duvidosa a evolução do ser humano. As pessoas precisam aprender que não há mais espaço para o preconceito e o racismo, internet não é terra sem lei", pontua.

Jhonata Pontes, de 18 anos, no centro da imagem ao lado dos colegas de time de Paraguaçu Paulista — Foto: Arquivo Pessoal

 

Após a repercussão do caso, o vídeo foi apagado das redes sociais. O caso foi registrado como injúria racial e segue para investigação da Polícia Civil.

"Espero que a justiça seja feita na forma da lei. Infelizmente, sou só um número dentro de tantos que sofrem racismo. Minha cor não é uma ofensa, minha cor é minha origem e história de um povo que sempre foi oprimido e está exausto de ser diminuído", desabafa.

Ofensas racistas foram proferidas durante transmissão do jogo nas redes sociais — Foto: Reprodução/Instagram

 

Repúdio nas redes sociais

No mesmo dia do duelo, que terminou com a vitória por 2 sets a 0 para o time de Assis, o clube Vôlei Paraguaçu emitiu uma nota de repúdio em seu perfil nas redes sociais contra as ofensas sofridas por seu jogador. O clube aponta que irá "tomar as atitudes necessárias contra esse crime inaceitável".

"Sabemos que trabalhamos na formação de atletas, que a rivalidade entre os municípios de Assis e Paraguaçu existe há anos e sempre ficou e deve ficar dentro da quadra. Hoje não foi assim. Independente do resultado, nosso atleta foi vítima de um crime, sim, um crime de racismo, e atitudes como essa têm que ser expostas e punidas na forma da lei", diz o comunicado (leia a nota na íntegra no fim da reportagem).

A Associação de Vôlei de Assis também se pronunciou nas redes sociais sobre o caso. O clube afirmou que o autor dos comentários preconceituosos foi identificado e é "menor de idade".

No comunicado, a AVA também pontua que, "tendo em vista a gravidade das falas", "afastou imediatamente o atleta de suas atividades junto ao grupo", suspendendo ainda "todo e qualquer vínculo que o mesmo tenha com a Equipe de Assis".

"A Associação Vôlei Assis destaca que repudia veementemente toda e qualquer prática de racismo e/ou injúria racial, contra quem seja, informando ainda que em sua equipe pessoas com referidas atitudes não possuem espaço", finaliza a nota do clube (leia a nota na íntegra no fim da reportagem).

O g1 tentou contato com a Secretaria Estadual de Esportes, responsável pela organização da competição, mas não obteve retorno até a manhã desta terça-feira (24).

 

Nota na íntegra do Vôlei Paraguaçu:

"Hoje, entramos em quadra pelo 39º Jogos da Juventude na cidade de Maracaí e enfrentamos a equipe de Assis, que venceu por 2 sets a 0.

Sabemos que trabalhamos na formação de atletas, que a rivalidade entre os municípios de Assis e Paraguaçu existe há anos, e sempre ficou e deve ficar dentro da quadra.

Hoje não foi assim. Independente do resultado, nosso atleta foi vítima de um crime, sim, um crime de racismo, e atitudes como essa têm que ser expostas e punidas na forma da lei.

Durante a transmissão realizada pela página do time adversário, que agora foi deletada, podemos ver que no vídeo o termo 'preta feia' é usado como adjetivo pejorativo, a fim de ofender e injuriar a raça do nosso levantador.

Nós, do Vôlei Paraguaçu, estamos sensibilizados com essa situação que nosso atleta teve que passar, e desejamos força e resiliência."

 

Nota na íntegra da Associação de Vôlei de Assis:

Diante do lamentável episódio ocorrido na última sexta feira 21/03, no jogo de Voleibol realizado entre as equipes de Assis e Paraguaçu Paulista, a Associação Vôlei Assis vem a público se manifestar e tecer suas considerações sobre os fatos ocasionados naquela oportunidade, bem como prestar todo apoio e solidariedade ao atleta da cidade de Paraguaçu.

Pois bem, como noticiado nos últimos dias, em uma Live transmitida pela AVA, um atleta, menor de idade, proferiu ofensas de cunho racial contra o atleta da equipe adversaria, o que não podemos jamais aceitar, tendo em vista a gravidade das falas. Assim, devidamente identificado o autor das palavras sobreditas, a AVA, na pessoa da técnica da equipe, afastou imediatamente o atleta de suas atividades junto ao grupo, suspendo ainda todo e qualquer vínculo que o mesmo tenha com a Equipe de Assis, eis que em hipótese alguma seria conivente e aceitaria tais atitudes.

No mais, a Associação Vôlei Assis, lamenta profundamente o ocorrido, haja vista não compactuar com qualquer tipo de preconceito, seja ele de cunha sexual, racial ou religioso, protestando sempre pelo maior respeito entre as pessoas. Informamos ainda que entramos em contato com a técnica da equipe de Paraguaçu Paulista, Sra. Darlene, bem como com o seu atleta, pelo que prestamos toda solidariedade e nos colocamos à disposição para todo e qualquer auxílio que se fizer necessário.

Por fim, a Associação Vôlei Assis destaca que repudia veementemente toda e qualquer prática de racismo e/ou injúria racial, contra quem seja, informando ainda que em sua equipe pessoas com referidas atitudes não possuem espaço.

 

Fonte: G1



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